terça-feira, 15 de abril de 2014

Chineses alimentam boom de Macau

Por BETTINA WASSENER
MACAU - Esta cidade na costa sudeste da China já tem sua própria versão de Veneza, com direito a um Grande Canal e uma ponte Rialto. Logo terá um gostinho de França, com uma Torre Eiffel.
Macau cresceu de modo explosivo na última década, e uma nova onda de expansão está em pleno andamento, envolvendo alguns dos maiores operadores de cassinos do mundo. "É impressionante o que aconteceu nos últimos dez anos", disse Edward Tracy, executivo-chefe da Sands China, subsidiária da Las Vegas Sands Corporation, listada na Bolsa de Hong Kong. "Estamos ao lado do maior mercado do mundo. São 1 bilhão de pessoas a mais do que nos EUA."
Ex-colônia portuguesa devolvida ao controle chinês em 1999, Macau hoje supera de longe Las Vegas como polo da jogatina. A cidade sintetiza o crescente poder aquisitivo dos chineses e a evolução econômica da China, distanciando-se de um setor industrial pesadamente tributado e seguindo na direção de um crescimento mais voltado para o consumo.
O monopólio mantido durante quatro décadas por um magnata local, Stanley Ho, terminou em 2002, levando a um frenesi de obras que fez triplicar o número de cassinos em uma década, chegando a 35. Muitos se situam no istmo de Cotai, aterro construído entre as ilhas de Coloane e Taipa.
Os guindastes de Cotai são também um testemunho da confiança dos operadores de cassino em que o governo em Pequim, apesar da recente onda de repressão à corrupção e à ostentação, está satisfeito em permitir que o jogo prospere em Macau, agora uma região administrativa especial, com regulamentos próprios.
A receita do jogo saltou de 22,2 bilhões de patacas (a moeda local) em 2002 para quase 361 bilhões de patacas no ano passado (ou seja, de US$ 2,78 bilhões para US$ 46 bilhões, aproximadamente).
A empresa de cassinos Sociedade de Jogos de Macau, ou SJM, iniciou em fevereiro a construção do Lisboa Palace. O complexo de US$ 3,9 bilhões deve ser inaugurado em 2017. Será equipado com 700 mesas de jogo e três hotéis -incluindo um hotel Palazzo Versace e um hotel desenhado por Karl Lagerfeld, o estilista-chefe das "maisons" Chanel e Fendi.
O Las Vegas Sands, dono do gigantesco hotel e cassino Venetian, entre outras instalações em Macau, vai incorporar um complexo chamado The Parisian, cuja inauguração está prevista para janeiro. Sua Torre Eiffel terá um restaurante de 200 lugares.
O Galaxy, um grande resort que é parte do Galaxy Entertainment Group, empresa de Hong Kong, foi aberto há menos de três anos. Os hotéis Ritz-Carlton e JW Marriott estão se instalando. O Wynn Resorts planeja um complexo de hotel e cassino com 1.700 quartos, com previsão de inauguração para 2016.
Quase 20 milhões de chineses, ou um quinto dos chineses que viajaram para fora da China continental no ano passado, tiveram Macau como destino. A previsão é que o aumento da riqueza e a melhoria das conexões de transporte -incluindo uma ponte ligando Macau a Hong Kong em 2016- puxem o crescimento por algum tempo.
Aaron Park, americano que trabalha para o Paradise Entertainment, empresa operadora de um cassino em Macau, disse que "Macau é a história do consumo na China em um só lugar. Em poucos anos, ela se tornará um epicentro para as maiores marcas do mundo".
Colaborou Alan Wong
NYT, 15.04.2014

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